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Sem Nome Era tão pequeno Que ninguém o via Dormia sereno, Enquanto crescia. Sem falar, pedia - Porque era semente - Para ver a luz do dia Como toda a gente. Não tinha usurpado A sua morada Não tinha pecado. Não fizera nada. Não soltou vagido. Não teve amanhã. Não ouviu: “Querido...” Não disse: “Mamã...” Não sentiu um beijo Nunca andou ao colo. Nunca teve o ensejo De pisar o solo, Andar hesitante, Sorrindo no encalço Do abraço distante. Não foi à escola De sacola ao ombro, Nem olhou estrelas Com olhos de assombro. Crianças iguais À que ele seria, Não brincou com elas; Nem soube que havia. Não roubou maçãs Não ouviu os grilos Não apanhou rãs Nos charcos tranquilos. Nunca teve um cão, Vadio que fosse, A lamber-lhe a mão, À espera de doce. Não soube que há rios E ventos e espaços. E Invernos e Estios, E mares e sargaços; E flores e poentes. E peixes e feras As hoje viventes E as de antigas eras. Não soube do mundo. Não viu a magia! Foi neutralizado Com toda a mestria: Com as alvas batas, Máscaras de Entrudo, Técnicas exactas, Mãos de especialistas Negaram-lhe tudo (O destino inteiro...) Porque os abortistas Nasceram primeiro! Renato Azevedo |