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**************************************** O debate sobre a vida humana surge sempre ciclicamente nas sociedades, nos países, nos estados um pouco em fidelidade com as agendas dos partidos, das organizações e particularmente em função do que convém politicamente a quem governa, neste ou naquele momento, os povos. Em Portugal, esta estratégia é também adoptada! Se num dado momento já se conseguiu impor determinada legislação mais ou menos permissiva, virá outro momento em que se pretende ir mais além! De forma muito simples e objectiva podemos sintetizar que uns defendem que não é legítimo intervir sobre a vida de um ser humano, desde o momento da concepção até ao momento da morte, e outros consideram que essa intervenção é legítima. Os primeiros condenam, por exemplo, o aborto, a eutanásia e outras formas de atropelo à vida humana. Os segundos aceitando-os, tentam manipular as mentes menos esclarecidas com argumentos subtis de pseudo dignidade humana. Já se vai tornando comum associar quer uma posição quer outra a determinadas filosofias político-religiosas. Porém, entendemos que a vida, nas suas múltiplas matizes, é um bem e um dom de valor incomensurável que não devia nunca ser entendida como algo manipulável, na sua essência. Torna-se necessário que haja uma linha clara, nítida, que separe a vida da morte. Na transposição dessa linha não poderá nunca existir a intervenção de alguém! Ora os que defendem a eutanásia e o aborto estão a admitir que a linha que protege a vida não é nítida, que o início da vida e o momento da morte são discutíveis, que um ser com menos de 12 semanas (e com 12 S e 1 D já será?!) não pode ser considerado um ser humano e que um homem ainda vivo pode já «merecer» estar morto - sendo admissível, por isso, o golpe de misericórdia. Esta aceitação da ideia de que à volta da vida não deve haver uma linha inviolável mas uma nebulosa, e que são legítimas as intervenções nessa zona no sentido de interromper a vida ou apressar a morte, é um passo terrivelmente perigoso. Porque, além da eutanásia e do aborto, abre o campo a outras enormidades como a manipulação genética sem regras e até a pena de morte. Em teoria pode-se até admitir como lógicos pensamentos ainda mais tenebrosos como este: - se uma pessoa deixou de trabalhar e de ser produtiva, se se tornou um estorvo para os seus familiares, ou para a sociedade, porquê mantê-la viva? Se a eutanásia é permitida, por que não alargar esse conceito aos velhos que só representam encargos para a sociedade e um peso insuportável para os parentes? Aceitar a manipulação da vida é um risco tremendo. Aqueles que, por razões ideológicas ou porque consideram que isso é «moderno», defendem «causas» como a eutanásia e o aborto, deveriam pensar um pouco mais a fundo até onde isso nos poderá levar. Está então justificada toda e qualquer iniciativa tendente a criar modos de associação de pessoas, de cidadãos defensores da vida que orientando-se estatutariamente por uma postura não-confessional, pretendam,de múltiplas formas, bater-se intransigentemente contra a manipulação desta dádiva maior que é a vida e se declarem apoiá-la quando se detectarem acções para a aviltar! JD
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