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Tal como no ordenamento do território existe uma parcela do país que a sociedade tenta, com mais ou menos sucesso, preservar das agressões ao ambiente e à natureza, chamada Reserva Ecológica Nacional (a conhecida REN), também a nível dos princípios e dos comportamentos urge cada vez mais salvaguardar e valorizar um espaço a que chamaria de Reserva Ética Nacional (também REN), em boa parte protagonizada pela Igreja Católica e por outras confissões religiosas mas que não se esgota de modo algum no espaço confessional, abrangendo o que na nossa sociedade resta de valores e virtudes, pessoas e atitudes que favorecem o bem comum em alternativa ao individualismo, materialismo ou até oportunismo que se generalizou. De certa maneira, a impressionante mobilização dos movimentos cívicos contra o Aborto, neste referendo, à revelia da generalidade dos partidos, do governo, dos principais órgãos de comunicação social, mostra que existe essa reserva moral de cidadãos dispostos a lutar por convicções. Por outro lado, a nível europeu, até às vésperas do referendo, o nosso país foi olhado pelos meios de comunicação estrangeiros com um interesse crescente de dia para dia à medida que se ia reduzindo a vantagem do Sim nas sondagens. A vitória do Sim em Portugal, de facto, não constituiria nada de novo para ninguém, contudo se porventura o Não viesse a ganhar, isso teria provocado uma ressonância enorme no velho paradigma da liberalização do Aborto que está de novo a ser questionado quer nos EUA quer na Europa. Portugal esteve à beira de se afirmar uma vez mais como um baluarte do humanismo europeu, e contribuir para a recuperação de uma certa Reserva Ética Europeia, que o falecido Papa João Paulo II tanto se esforçou para que renascesse no Velho Continente. Neste referendo é interessante verificar da análise dos números que, muito embora o Sim tenha subido 10 a 15% em quase todos os distritos e regiões autónomas face ao referendo de 1998, há uma excepção: a Grande Lisboa. É verdade, apesar da forte redução da abstenção de 98 para 2007, o Sim quase não progrediu nos concelhos urbanos do distrito de Lisboa e desceu mesmo nos concelhos urbanos da margem sul, no distrito de Setúbal. Por outro lado existem grandes interrogações relativamente ao voto jovem, e muito se especula se os novos votantes não terão aderido maioritariamente ao Não, pelo menos numa camada com maior nível educacional. Um último fenómeno interessante, esse sim claramente visível nas principais cidades, foi o da forte mobilização de movimentos de leigos, a nível de bases, no seio da Igreja Católica e de outras confissões religiosas, já não num plano meramente tradicional mas liderados por elites dos principais centros urbanos que estavam em condições de avaliar melhor o que realmente se encontrava em jogo neste referendo, inclusive a partir da realidade e informação disponível de outros países. Foi este activismo que fez tremer a liberalização do Aborto e que podia ter ido um pouco mais longe se a mensagem tivesse conseguido chegar a todo o país. Deste referendo ficam ainda algumas imagens e afirmações inesquecíveis. Destacaria apenas duas que presenciei e terminaria com uma outra a nível pessoal. Na Marcha pela Vida realizada em Lisboa, com a participação de 15 a 20 mil pessoas debaixo de um tempo gélido inesperado, não posso esquecer um cartaz de uma menina de uns 10 anos, escrito por ela: “Portugal precisa de bebés”. Também não poderei esquecer as palavras de bom senso e de profunda sabedoria de uma conhecida e respeitada ex-governante que, no jantar de mulheres pelo Não, afirmou, para a Televisão: uma gravidez inesperada deve ser encarada como mais uma surpresa da vida, a vida pode trazer coisas negativas como uma doença, um acidente ou a morte de um familiar, e a mulher (e o homem) têm que aceitar e ajustar-se à nova situação, naturalmente, nem sempre acontece o que queremos, ou esperamos, ou planeamos, temos que nos adaptar, o aborto não é solução, é uma vida que se elimina... Por fim, a mim pessoalmente, sucedeu-me ser interceptado casualmente em plena baixa de Lisboa, por repórteres da TV dinamarquesa, que me perguntaram: qual a sua opinião, o Aborto é crime? Respondi em breves palavras exactamente o que penso: se a pedofilia ou os maus-tratos a crianças de 1 ou 2 meses são crime, como pode o aborto de um feto, sabe-se lá com quantos meses de gestação, não ser crime? Claro que pode haver atenuantes, económicos, familiares, mas... não deixa de ser crime! João Paulo Geada |