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Regressei a casa. O aborto já eu tinha feito. Agora passava os dias em total solidão. Fazia tudo para não me cruzar com a minha mãe. Não podia olhar para ela! Não que a amasse (era minha mãe!) mas fez-me um mal enorme ao obrigar-me a colocar fim à vida que em mim viveu durante cerca de treze semanas e meia. As dores continuavam e o sangue não parava! Eu não aguentava mais! Sentia-me fraca e tinha fortes dores de barriga. Ela não me levava ao médico por ter vergonha e não desejar que soubesse. Desisti de estudar, pois não conseguia andar na rua. Pensei que pudesse morrer das hemorragias. Será que nem assim me levaria ao hospital? Como seria possível que uma mãe pudesse ter levado uma filha a este estado? Recordo que, um dia saí de casa e assaltaram-me pensamentos fortes. Deparei com um amigo. Convidou-me para tomar café, coisa que era hábito aceitar. Eu recusei mas ele viu no meu rosto algo diferente e questionou-me: - Que se passa? Não estás bem! Não estás a pensar fazer algo de mal, pois não? - Não – respondi eu – vai tu tomar café! Eu talvez vá lá ter! Afastámo-nos e eu gritei-lhe: - És um amigo formidável, cuida e ti! Desloquei-me para um lugar isolado junto a uma ravina e tentei acabar comigo! Mas o meu amigo tinha-me seguido e impediu-me. Agarrou-me, deu-me dois estalos e disse-me: - Tu estás louca?! Tu queres terminar com a tua vida não tendo tu culpa alguma no sucedido?! Levou-me para casa e tudo ficou em segredo. Gradualmente as hemorragias foram sendo cada vez menores e cerca de três meses após comecei a sentir-me melhor fisicamente. Conheci depois o meu marido! Foi uma razão para sair de casa e ir viver com quem me amou, tal como eu era. Engravidei de novo e senti medo, muito medo! Foi também com receio eu lhe dei a notícia! Mas ele ficou louco de contente! Aceitou o bebé e começou logo a fazer planos para a nossa vida, a três. A minha mãe ficou novamente chocada por ter a filha grávida segunda vez. Queria-me modelo profissional, com um futuro “lindo”, sem filhos! Mas hoje, sou mãe, a tempo inteiro! Tenho três meninas lindas! É a maior e melhor dádiva, esta, de podermos ser pais, de termos dado vidas! É certo que a dor de parto é dolorosa, mas é uma dor linda quando sabemos que poderemos olhar o sorriso das filhas! Temos algo nas mãos, sentimos o seu corpo vivo, acompanhamos o seu desenvolvimento, suas traquinices. Temos preocupações, é certo! Mas é assim a vida! Não será assim que nos sentimos felizes? Sinto porém uma mágoa muito grande. Uma tristeza ainda hoje me assola o coração. Não tive ninguém que se assumisse amigo e me dissesse: - “Não abortes! Eu ajudo-te!” Eu teria fugido da minha mãe e tinha tido o meu menino! Jamais teria feito um aborto! Por isso digo que uma gravidez indesejada pode gerar na mulher, desprevenida, medos e angústias. Mas, se ajudada, aprenderá a amar e cada sorriso do seu filho nascido será um momento felicidade! Nada é mais lindo do que viver a maternidade! Sei que meu acto foi reprovável. Por isso aqui o descrevo com a intenção de poder servir para reflexão. A minha culpa ficou atenuada por ter sido impelida pela minha mãe, que já partiu deste mundo e a quem não consegui perdoar! Sinto-me triste por não o poder ter feito. Mas hoje, sinto alegrias diárias com as minhas três meninas! São mulheres e vão crescer! Estarei sempre junto delas para que sintam como a mãe as ama! Se, mais tarde, tiverem o descuido que eu tive, serei para elas sempre a melhor amiga, apoiando-as e aceitando! Pior que uma gravidez indesejada é morrer ou viver com as marcas físicas e psíquicas por companheiras de vida! Fim |