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======================= É urgente ser solícito!!
A ADAV – Viseu preocupa-se com a vida! E é digna de ser apoiada e dignificada, toda a vida, mesmo aquela que caminha para o seu ocaso e que é simbolizada no nosso logo pela parte descendente do arco verde e pelo último raio, a ultima pétala! Aquela vida que acumula experiências riquíssimas e que hoje em dia é colocada de parte, muitas vezes em ambientes pouco humanos! Filhos, cuidai dos vossos pais! Netos, apelai bem forte pelo convívio assíduo com os vossos avós! Acreditai todos que os nossos idosos são uma fonte indeclinável de sabedoria, de ternura, de afectos, de valores! Bebei dessa fonte e sereis mais pessoas, tereis mais vida! E quando o momento da partida vier, estareis serenos pois sereis portadores de muitos dos saberes que com eles fostes enriquecidos para assim honrardes a sua memória. O texto seguinte é um exemplo real de como é doloroso ver partir um ente querido mas, ao mesmo tempo, é dignificante a honra de sentir que o que somos é um pedacinho dele. (JD)
Carta ao Meu Pai Em jeito de introdução, gostaria de explicar aos leitores que este pequeno texto, algo intimista, para além de constituir uma humilde homenagem ao meu Pai, pretende atingir o objectivo de sensibilizar quem o ler para o “dever moral” de expressarmos a todos aqueles que amamos, por palavras ditas, nos momentos apropriados, o quanto gostamos deles e o quão importantes eles são para nós. Atitude habitual entre namorados e cônjuges, estas “declarações de amor” são, presumo eu, esquecidas ou adiadas, entre pais e filhos. Na azáfama do dia-a-dia, a expressão verbal dos sentimentos é relegada para um plano secundário por, de certo modo, acharmos que bastam os gestos, as acções. Mas, efectivamente, actos e palavras complementam-se. As palavras “faladas”, vindas do fundo da alma, aquecidas no coração e envoltas em ternura quando saem dos lábios, têm um significado valioso para quem as ouve e deixam, em quem as diz, uma gratificante sensação de paz interior. Infelizmente, e com frequência, é preciso perdermos alguém para sempre para, depois de um exercício de reflexão, nos orgulharmos por tudo aquilo que fizemos e dissemos ou, pelo contrário, nos recriminarmos pelo que deixámos de fazer ou omitimos. Não adiemos, pois, o que pode tornar-se irremediavelmente adiado... Meu adorado e saudoso Pai: Pediram-me que escrevesse sobre ti mas preferi aproveitar a oportunidade para “conversar” contigo. Desde o dia em que “partiste”, tenho revivido, vezes sem conta, a memória dos bons e maus momentos passados a teu lado... Recordo, então, palavras de Manuel Alegre: “E tudo estava certo, nesse tempo, ou, pelo menos, nada tinha o sabor do irremediável. (...) E eu dormia, poisada sobre a eternidade, como se tudo estivesse certo para sempre...” Hoje, penosamente, sinto o sabor amargo dessa doce ilusão. O espaço torna-se exíguo e as palavras escritas na folha branca e gelada perdem todo o significado ao tentar explicar-te o que me vai na alma. Todo o Amor, Respeito e Admiração que por ti sentia, e continuo a sentir, não podem ser definidos verbalmente, aqui e agora... Manifestei, por actos, todos esses sentimentos... sempre... mas, quando pressenti que te estava a perder, resolvi fazer-te uma declaração de Amor, secretamente... No dia seguinte à cirurgia a que foste submetido, visitei-te na Unidade de Cuidados Intensivos. Visão chocante... Pesadelo que continua a assaltar-me o sono. Rodeado de “máquinas”, dependias de uma parafernália de tubos, ventiladores, eléctrodos... para sobreviveres. Achei que aquela seria a última vez que te veria com vida, ainda que quase artificial. Segurei a tua mão com a mesma força com que segurei as lágrimas. As palavras ficaram presas na garganta. Acariciei-te a cabeça. Lembras-te? Reagiste, abrindo os olhos e fitando-me. Acreditei que me tinhas reconhecido. Testei-te. “Quem sou eu, meu pai?”- perguntei-te, ávida por uma resposta que não tardou a surgir: “És a Maria”. Sorri, emocionada. E naquele preciso momento, senti uma necessidade enorme de declarar o meu amor por ti: “Meu pai, eu gosto muito de ti. És muito importante para mim, sabias?” Claro que sabias! E, com uma ternura infinita, retorquiste: “Claro que sei, filha! Nem precisavas de o dizer!”. Precisava, sim, meu pai... Hoje, não me perdoaria se não to tivesse dito. Teria sido uma declaração eternamente adiada... Tive o duplo privilégio de te ter tido como Pai e como Professor. Ensinaste-me a ler, a escrever, a contar. E que bem que ensinavas! Era um prazer enorme escutar-te! Ensinaste-me os mais preciosos valores morais. Não... não mos ensinaste... foste o seu exemplo vivo! Ensinaste-me praticamente tudo o que, hoje, é verdadeiramente importante na minha vida. Mas esqueceste-te de me ensinar algo de vital: como lidar com esta infinita Saudade que me consome e me destrói, desde o dia em que me deixaste... Meu pai, continuo a gostar muito de ti. Continuas a ser muito importante para mim... Até à Eternidade, meu querido. Maria |